Na década de 1980, já há um pequeno núcleo de estudos fenomenológicos, constituído por mestrandos e doutorandos da PUC-SP, muitos deles já professores daquela Universidade, tendo o Dr. Joel Martins como líder e orientador e estudantes da Universidade Estadual Paulista, campus de Rio Claro – UNESP-RC, dos cursos de graduação de Física e de Matemática, e a partir de 1984 alunos do curso de Pós Graduação em Educação Matemática, tendo como coordenadora a Dra.Maria Aparecida Viggiani Bicudo. Nesses cursos de graduação foram trabalhados textos referentes à ciência e à ciência Matemática, de autoria de Edmund Husserl. Foram elaboradas notas de aula de tópicos do Crises of European Sciences, referentes à matematização da natureza, o Origen of Geometry, traduzido na íntegra, e notas de aula do Being and Time, de Martin Heidegger, até aquela época não traduzido para o português. As discussões que se estabeleceram foram profícuas e instigadoras para todos que participavam das aulas e das sessões de orientação. Dessa época, também, é a orientação de dois projetos de Iniciação Científica, de alunos da Graduação do curso de Matemética, uma da Licenciatura, Sumara Batarce e um do Bacharelado, Antonio Vicente Marafiotti Garnica. Esses projetos tiveram como tema o estudo dos três primeiros capítulos do Formal and Transcendental Logic, de Edmund Husserl, e foram apresentados na reunião anual da SBPC.

Em 1986 começaram a ser apresentados projetos específicos ao CNPq, pela professora Dra. Maria Aparecida Viggiani Bicudo, visando à Bolsa de Produção em Pesquisa. Esses projetos já focalizam temas concernentes ao conhecimento da Matemática, trabalhado na perspectiva da fenomenologia. Concomitantemente, o grupo de estudos mantido na PUC-SP foi se fortalecendo, de modo que alguns de seus componentes vinham para Rio Claro para estudar textos de Martin Heidegger e de Edmund Husserl. Uma participante assídua, nesse período, foi a Professoa Dra. Vitória Helena Cunha Espósito, que compôs a equipe que se formou para projetos integrados de pesquisa, enviados ao CNPq, nessa categoria, a partir de l990.

Em 1988 foi criada a Sociedade de Estudos e Pesquisa Qualtativos, sob a liderança do Dr.Joel Martins, cujo objetivo era produzir e publicar trabalhos sobre as questões de fundo da Pesquisa Qualitativa, envolvendo a discussão sobre ciência e suas modalidades de pesquisa, destacando o positivismo como contra-ponto para a investigação. Além disso, o grupo enfocava os textos de autores fenomenólogos e, como decorrência, o esforço efetuado voltou-se para desenvolver procedimentos de pesquisa consonantes com as Ciências Humanas, e, em particular, com a Psicologia e com a Educação. É importante deixar registrado que desde o início outros grupos que trabalhavam com modalidades diferenciadas, como etnometodologia, por exemplo, foram convidados a participar dessa Sociedade, fortalecendo o debate e possibilitando avanços. Mas isso não ocorreu.

Na década de 1990, na UNESP-RC o Grupo toma forma e se reúne regularmente, com alunos da Pós Graduação em Educação Matemática e membros da PUC-SP. Em 1993, falece o Dr. Joel Martins, e os professores que compunham os grupos integrados de pesquisa viram-se frente ao desafio de deixar morrer o trabalho até então desenvolvido por esse pesquisador ou assumi-lo. Resolveram assumi-lo. Com isso, os encontros em conjunto foram substituídos pelas reuniões de estudos, mensais, da Sociedade de Estudos e Pesquisa Qualitativos, efetuadas na PUC-SP. Em Rio Claro, o grupo continuou seu trabalho.

Em 1994, frente ao desenvolvimento da Pós Graduação em Educação Matemática, então organizada também com Grupos de Pesquisa institucionalmente constituídos, o grupo de pesquisa coordenado pela Dra.Maria Aparecida Viggiani Bicudo resolveu também se institucionalizar, denominando-se Fenomenologia em Educação Matemática – FEM. Com esse nome foi registrado no CNPq e na UNESP.