A percepção e o mundo percebido foram objetos das investigações que o grupo efetuou no período anterior, quando ficaram esclarecidos alguns pontos considerados importantes e que são abaixo mencionados:
Percepção é entendida, enquanto primado do desenvolvimento do simbólico, como o momento em que o mundo se faz presente para o sujeito. É o próprio ato pelo qual o mundo se constitui para a consciência.
O ato perceptivo é corpóreo, encarnado, efetuado no presente, contextuado na espacialidade e na temporalidade.
A percepção dá-se por perfis, tendo como ponto zero o corpo encarnado ou o corpo próprio. A reunião da multiplicidade dos perfis percebidos, permitindo que o idêntico seja percebido, ocorre na intuição essencial.
O mundo não é uma realidade física, objetivamente dada, mas ele é constituído no campo da experiência perceptual.
A respeito da construção do conhecimento da Geometria chegou que:
A Geometria, enquanto ciência positivamente posta no mundo vida, que é cultural, apresenta-se como tendo se originado na subjetividade, portanto na esfera psicológica, partilhada com os outros sujeitos, companheiros do mundo vida pela comunicação empática e pela linguagem falada e escrita, objetivada por intermédio da estrutura linguística e das formas estruturais da linguagem falada e escrita.
Os sujeitos percebem o sentido do conteúdo das aulas de Geometria (perspectiva e projetiva) de modo presente em seu corpo-encarnado, como estando em movimento de abertura em que novas possibilidades de interpretação mostram-se ao imaginaras formas dos desenhos geométricos projetadas no espaço.
Espaço, movimento, perspectiva, estrutura e forma possibilitam ver por perfis; o ver de modo perspectival se coloca àquilo que se mostra. É essa perspectiva que faz possível a espacialização.
O trabalho de Merleau Ponty diz da percepção do espaço, da distância, do movimento, do tempo, da profundidade. Ao se enfocar a Geometria, vista como ciência matemática, depara-se com aspectos que lhes são característicos, como forma, espaço, perspectiva, figuras, linguagem proposicional, axiomatixação. Esta pesquisa se desenvolveu desviando o olhar desse foco, e firmando-o no foco do pré-predicativo ou pré-reflexivo, aquém do nível do conhecimento predicativo ou reflexivo, para que se possa analisar como são percebidos pelo sujeito, o espaço, o movimento, a profundidade e a perspectiva.
O pré-reflexivo foi entendido como o nível do conhecimento ainda não objetivado em uma linguagem proposicional e dado à reflexão consciente. É entendido como sendo prévio ao conhecimento conceitual. O grupo de pesquisa compreendeu ser importante trabalhar com esse nível de conhecimento, uma vez que é no pré-reflexivo que o primado do conhecimento simbólico se dá. É nele que o logos se dá em estado nascente, ou seja, é ai que se encontra a origem (Ursprung) ou o gérmem da organização do mundo para o sujeito. O grupo de pesquisa assumiu que se é pela percepção que o mundo faz sentido e se torna presente ao sujeito, é preciso deter-se nesse ato para entender espaço, tempo, perspectiva e movimento que se dão na percepção e que são aspectos básicos do pensar geométrico.
A equipe que desenvolveu esse projeto é composta por: Dra. Maria Aparecida Viggiani Bicudo, Dr. Antonio Vicente Marafiotti Garnica, Profª Verilda Spiridião Kluth, Profª Maria Queiroga Amoroso Anastácio, Prof. Adlai Ralph Detoni, Drª Ocsana Sônia Danyluk, Profª Rosa Monteiro Paulo, Profª Ana Emília Fernandes de Miranda e a graduanda Alessandra Bernardo.

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